Apesar de defender locação, prefeito investe em carros e máquinas pesadas e deixa obra estratégica em segundo plano

A Prefeitura de Glorinha oficializou a aquisição de duas retroescavadeiras (R$ 787.800,00), uma motoniveladora (R$ 845.000,00) e uma caminhonete Fiat Strada Volcano (R$ 136.100,00), todas destinadas à Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura (SMOI). O investimento total soma R$ 1.768.900,00, financiado através de aditamento no contrato com a Caixa Econômica Federal, via Programa FINISA, conforme autorização dada pela Câmara de Vereadores por meio do Projeto de Lei nº 034/2025

Com a nova autorização legislativa, o Executivo passou a dar prioridade à aquisição de veículos, máquinas e equipamentos, em vez de investir na execução de obras públicas estruturantes. Entre os projetos postergados, está a tão aguardada pavimentação da Avenida Avelino Maciel Neto, considerada estratégica para o escoamento da produção de empresas como Fibraplac, Divimec e outras que movimentam a economia local.

A reestruturação da via fazia parte do acordo que viabilizou a instalação da ArcelorMittal em Glorinha, e sua não execução levanta questionamentos sobre os desdobramentos futuros dessa decisão. Embora não haja confirmação de mudanças por parte da empresa, o cenário gera preocupação quanto à manutenção dos compromissos assumidos na época da negociação.

A decisão do governo de redirecionar recursos evidencia uma mudança de prioridades e gera debates sobre o impacto disso no desenvolvimento industrial e logístico do município.

A iniciativa, embora represente um reforço significativo na frota pública, entra em contraste com o discurso recente da própria administração. O prefeito Carlos Leonardo Vargas Carvalho, em publicações anteriores nas redes sociais, defendia que a locação de veículos seria mais econômica e eficaz, justamente por evitar custos com manutenção e desvalorização patrimonial. Inclusive, a própria prefeitura já havia optado por alugar três carros, sendo dois para a saúde e um para o gabinete do prefeito, sob esse mesmo argumento de eficiência.

A compra dos equipamentos pesados pode ser vista como necessária para a execução de serviços essenciais. No entanto, dentro do contexto criado pela gestão, a decisão de adquirir máquinas próprias , que exigirão manutenção constante e gerarão despesas operacionais permanente, contradiz a lógica de economia pregada quando optaram por terceirizar veículos leves. Se o princípio fosse mantido, os serviços, abertura de valas e patrolamento poderiam ser contratados de empresas especializadas, garantindo o atendimento à comunidade sem ampliar a estrutura e os custos fixos da prefeitura em manutenção.

Ainda que a compra de máquinas seja reconhecidamente uma prioridade, dada a necessidade de fortalecer a capacidade operacional da prefeitura, o próprio raciocínio adotado pela gestão no caso dos carros locados se torna contraditório. Se a lógica administrativa privilegia a eficiência e a redução de custos, por que não terceirizar também os serviços de máquinas pesadas, seguindo o mesmo princípio de locação temporária que se aplica aos veículos leves?

Além disso, optar por realizar a obra da Avelino Maciel Neto, no lugar de compras imediatas, poderia ter efeitos estruturais muito mais amplos. A melhoria na logística e na mobilidade urbana possibilitaria que empresas ampliassem suas produções, implantassem novas linhas industriais e, com isso, gerassem mais empregos e maior arrecadação de impostos. Esse ciclo positivo, com indústria forte, município arrecadando e comunidade empregada, criaria um ambiente mais propício, inclusive, para que a prefeitura futuramente adquirisse suas próprias máquinas com recursos próprios, sem recorrer a crédito.

No contexto criado pela própria gestão, o caminho adotado parece inverter as etapas de desenvolvimento: comprar primeiro e investir depois. A escolha levanta dúvidas sobre o planejamento estratégico do município e sobre a coerência entre o discurso da economicidade e as ações praticadas com o dinheiro público.

Ao favorecer a compra imediata de equipamentos, a administração deixa de investir em uma obra que, poderia permitir a expansão de linhas industriais e atrair novos empreendimentos para o município. Com mais empresas faturando, Glorinha poderia arrecadar mais e, a médio prazo, até investir com recursos próprios na estrutura pública, sem necessidade de financiamento.

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